
Igreja Una Santa Católica e Apostólica
Lectio Divina - 19º DOMINGO Tempo Comum
13/08/2017 09:31
No 19 Domingo do tempo comum a Igreja nos colocar diante de uma liturgia rica em sentido e delicada ao expor que Deus não faz propaganda.
Quando nós achamos que somos grandes em sabedoria, ciência e riquezas gostamos de "ostentar" essas características. Somos vaidosos e passamos da vaidade à arrogância em um estalar de dedos.
Na primeira leitura de hoje Deus fala ao profeta Elias, "sai e permancece sobre o monte do Senhor, porque o Senhor vai passar". Ao sair o profeta tem algumas visões que poderiam deixar qualquer um impressionado, afinal grandes forças da natureza se manifestaram diante dele um vento impetuoso, tão forte que desfazia as montanhas e quebrava os rochedos, que não o impressionou, pois o profeta sabia: Deus não estava ali. Após veio um terremoto, mas o profeta sabia: Deus não estava ali. Após o terremoto o fogo, expressão de força e calor. Deus já se manifestara na sarça ardente uma vez, mas desta vez não escolheu o fogo para estar e o profeta percebeu. Elias sabia que o Deus que tudo pode não se faria presente pela confusão e pelo terror, por isso seu coração se alegrou ao perceber o murmúrio da brisa que soprava levemente no monte. Deus não precisa fazer grandes aparições para ser Deus!
O salmista nos presenteia com o refrão pedindo que Deus nos mostre a sua bondade. Deus não vai nos exigir nada que não possamos dar ou nos "coagir" pela força a amá-Lo! O salmo 84 nos mostra os frutos dessa intimidade entre nós e Deus que atrai tudo par a si.
São Paulo em sua Carta resposta aos Romanos lamenta exatamente essa falta de noção daqueles que, eleitos como povo da aliança, não entendem essa entrega gratuita de Deus. São Paulo sofre em reparar que o povo eleito não percebe que Deus está presente em Cristo, ao contrário os ignora. Elias ao saber quem era Deus soube identificar os sinais de sua presença, já os israelitas ignoravam a Cristo.
No evangelho vemos novamente a manifestava de Deus de forma grandiosa: Jesus caminha sobre as águas, mas antes vamos rebobinar a história. Rs
A famosa caminhada de Jesus sobre as águas antecede um evento mega grandioso: A multiplicação dos pães.
Esse fato é muito importante, guarde-o.
Depois de multiplicar os pães, Jesus mandou os discípulos pegarem a barca e atravessarem o mar, pois Ele ficaria com o povo durante sua dispersão. Enquanto os discípulos iam pelo mar, Jesus foi ao monte orar e anoiteceu.
Perceberam que nenhum dos discípulos se preocupou como Jesus chegaria na outra margem?
No meio do caminho dos discípulos, Jesus resolve ir andando sobre as águas e encontra-os pela madrugada no meio da travessia, resultado? Pânico! É um fantasma! Diziam assustados. Mas o Senhor os acalmava e São Pedro então pede para ir ao encontro de Jesus sobre as águas.
Pedro sai do barco e caminha ao encontro de Jesus, caminhando passo a passo em direção do mestre, mas percebendo a brisa... Quase afunda. A brisa leve que foi sinal da presença de Deus para Elias, derruba São Pedro no mar. Jesus auxilia São Pedro e entra na barca, e aí todos reconhecem que verdadeiramente Ele era o filho de Deus.
Porém.... Lembram que no início do dia Jesus havia multiplicado os pães para alimentar uma multidão? Não seria já esse sinal suficiente para acreditar que Jesus era Verdadeiramente o Filho de Deus? Para nós os sinais do dia-a-dia não são os suficientes, Jesus sabia o que se passava no coração dos discípulos: apenas um sinal extraordinário seria capaz de abrir os seus olhos para a realidade de quem era aquele Homem.
Essa ausência de visão e entendimento que entristeceu São Paulo em relação aos judeus, certamente causa em nós hoje uma grande tristeza, pois existem pessoas que ignoram os milagres comezinhos no dia; não enxergam a bondade de Deus na brisa, no partir do pão e esperam um Deus de espetáculos, terremoto, fogo e furacões.
Deus é simples e bom. Não procure Deus nos espetáculos, mas no silêncio. Não espere um grande milagre para crer, pois até na brisa ele está ou pela brisa você pode afundar..."Diante de uma brisa, Elias reconheceu a presença de Deus. Diante da presença de Deus vivo e encarnado, São Pedro ficou com medo ao sentir uma brisa."
Que essa liturgia de hoje nos ajude a entender a simplicidade desconcertante de um Deus apaixonado por nós.
Por Marco Antonio

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