A Fé Católica > Novíssimos da Fé - Céu, Inferno e Purgatório
Novíssimos da Fé - Céu, Inferno e Purgatório
Neste tempo em que vivemos, o homem chamado pós-moderno se defronta com algo tão antigo quanto a própria vida: A Morte, conforme nós vimos no primeiro estudo sobre os Novíssimos da Fé. (ver artigo: Novíssimos do Homem)
“Post mortem”, ou seja, após a morte o homem chega ao seu Juízo e logo ao seu destino.
É sobre este destino que iremos meditar um pouco: Inferno e Paraíso (sendo incluído também o Purgatório).
O INFERNO
“O Filho do homem enviará os seus anjos, e eles tirarão do seu Reino tudo o que faz cair no pecado e todos os que praticam o mal.Eles os lançarão na fornalha ardente, onde haverá choro e ranger de dentes.” (Mt 13,41-42)
Jesus no anuncio do Reino nunca escondeu o destino dos maus e ímpios que seria o inferno.
Ele “nos fala muitas vezes da "Geena", do "fogo que não se apaga", reservado aos que recusam até o fim de sua vida crer e converter-se, e no qual se pode perder ao mesmo tempo a alma e o corpo. Jesus anuncia em termos graves que "enviar seus anjos, e eles erradicarão de seu Reino todos os escândalos e os que praticam a iniquidade, e os lançarão na fornalha ardente" (Mt 13,41-42), e que pronunciar a condenação: "Afastai-vos de mim malditos, para o fogo eterno!”(Mt 25,41)” (§1034 Catecismo da Igreja Católica)
O inferno é o estado da alma de quem negou a Deus de propósito, livre e voluntária, mesmo sabendo do seu amor infinito e de sua bondade. Isso aconteceu até mesmo com os anjos rebeldes, que foram precipitados nas profundezas.
Santo Anselmo nos fala em suas exortações sobre o fogo do inferno: “O nosso fogo terrestre destrói ao mesmo tempo em que arde, de maneira que quanto mais intenso ele for mais curta será a sua duração; já o fogo do inferno tem esta propriedade de preservar aquilo que ele queima e, embora se enfureça com incrível ferocidade, ele se enfurece para sempre”.
A alma destina ao inferno é aquela que nunca mais vê a face de Deus, por isso o tormento! Após a morte e tendo consciência de tudo o que Deus fez por nós, pela humanidade e de todo o bem que deixamos de fazer, a alma sente em si mesma a dor da falta “para sempre” de Deus, por isso ela geme e se contorce em um fogo que não se acaba não se consome e não se abranda.
Para que isso não aconteça conosco é necessário estar sempre em estado de graça e pedir sempre a Nosso Senhor Jesus Cristo e sua Mãe, a Virgem Maria a graça da penitência final, para que possamos passar pelo crivo do julgamento celestial. Veja como se deve fazer - Unção dos Enfermos.
O Purgatório
Segundo o Compendio do Catecismo da Igreja Católica o purgatório “é o estado dos que morrem na amizade de Deus, mas, embora seguros da sua salvação eterna, precisam ainda de purificação para entrar na alegria de Deus”.
Esta purificação final antes da entrada definitiva no Céu (daí vem a definição de Purgatório=purgar=purificar) é tida como um sinal do Amor de Deus que supera toda a nossa forma de julgamento e imaginação
“A Igreja formulou a doutrina da fé relativa ao Purgatório sobretudo no Concílio de Florença e de Trento. Fazendo referência a certos textos da Escritura, a tradição da Igreja fala de um fogo purificador:No que concerne a certas faltas leves, deve-se crer que existe antes do juízo um fogo purificador, segundo o que afirma aquele que é a Verdade, dizendo, que, se alguém tiver pronunciado uma blasfêmia contra o Espírito Santo, não lhe será perdoada nem presente século nem no século futuro (Mt 12,32). Desta afirmação podemos deduzir que certas faltas podem ser perdoadas no século presente, ao passo que outras, no século futuro.
Este ensinamento apoia-se também na prática da oração pelos defuntos, da qual já a Sagrada Escritura fala: "Eis por que ele [Judas Macabeu) mandou oferecer esse sacrifício expiatório pelos que haviam morrido, a fim de que fossem absolvidos de seu pecado" (2Mc 12,46). Existem no NT passagens que indicam claramente a existência do Purgatório. Vejamos algumas: "O servo que, apesar de conhecer a vontade de seu Senhor, nada preparou e lhe desobedeceu, será açoitado com numerosos golpes. Mas aquele que, ignorando a vontade de seu Senhor, fizer coisas repreensíveis, será açoitado com poucos golpes"(Lc 12, 47-48). "Ora, quando fores com o teu adversário ao magistrado, faze o possível para entrar em acordo com ele pelo caminho, a fim de que ele não te arraste ao juiz e o juiz não te entregue ao executor, e o executor não te ponha na prisão. Digo-te: Não sairás dali até pagares o último centavo". (Lc 12, 58 e 59).
Desde os primeiros tempos a Igreja honrou a memória dos defuntos e ofereceu sufrágios em seu favor, em especial o sacrifício eucarístico, a fim de que, purificados, eles possam chegar à visão beatífica de Deus. A Igreja recomenda também as esmolas, as indulgências e as obras de penitência em favor dos defuntos:
Levemo-lhes socorro e celebremos sua memória. Se os filhos de Jó foram purificados pelo sacrifício de seu pai que deveríamos duvidar de que nossas oferendas em favor dos mortos lhes levem alguma consolação? Não hesitemos em socorrer os que partiram e em oferecer nossas orações por eles.§1472 AS PENAS DO PECADO Para compreender esta doutrina e esta prática da Igreja, é preciso admitir que o pecado tem uma dupla conseqüência. O pecado grave priva-nos da comunhão com Deus e, consequentemente, nos toma incapazes da vida eterna; esta privação se chama "pena eterna" do pecado. Por outro lado, todo pecado, mesmo venial, acarreta um apego prejudicial às criaturas que exige purificação, quer aqui na terra, quer depois da morte, no estado chamado "purgatório". Esta purificação liberta da chamada "pena temporal" do pecado. Essas duas penas não devem ser concebidas como uma espécie de vingança infligida por Deus do exterior, mas, antes, como uma conseqüência da própria natureza do pecado. Uma conversão que procede de uma ardente caridade pode chegar à total purificação do pecador, de tal modo que não haja mais nenhuma pena.” (Catecismo da Igreja Católica §1031-§1032)
Os Santos e o Purgatório:
São João Crisóstomo: " (...) como duvidar de que nossas oferendas pelos mortos lhes proporcionariam alivio? Sem hesitação, demos nossos sufrágios àqueles que já se foram e por eles ofereçamos nossas preces. "
Santo Anselmo: " Vale mais assistir uma só Santa Missa quando vivo, que mandar celebrar mil depois de morto. "
São Francisco de Salles: " A maioria dos que temem o purgatório é muito mais e amor de si mesma que pelo interesse de Deus. Por isso só falam das penas daquele lugar e nunca da felicidade e da paz que desfrutam as almas que lá estão. É verdade que os sofrimentos são extremos e as mais terríveis dores desta vida não se podem comparar a eles, mas também as satisfações interiores são tais e tantas que nenhuma prosperidade nem alegria da terra a elas podem se igualar. Se é uma espécie de inferno quanto a dor, é um paraiso quanto à doçura que a caridade difunde no coração (...) Feliz estado mais desejado que temível."
São Vicente Ferrer: " Hä almas que ficam no purgatório um ano inteiro só por um pecado " .
Santa Tereza D'Ávilla:"Em vão tentaria explicar esta angustia misteriosa. A alma sente um desejo irresistivel de Deus, não tem nenhuma consolação, nem do céu, nem da terra a que já não pertence. É um martirio que a natureza custa a suportar, os ossos se separam e ficam como que deslocados. Sente-se uma dor tão violenta, um desejo nos consome, morrer, morrer, morrer, Ir a Deus. "
O Céu
“No fim dos tempos, o Reino de Deus chegar à sua plenitude. Depois do Juízo Universal, os justos reinarão para sempre com Cristo, glorificados em corpo e alma, e o próprio universo será renovado:
Então a Igreja será "consumada na glória celeste, quando chegar o tempo da restauração de todas as coisas, e com o gênero humano também o mundo todo, que está intimamente ligado ao homem e por meio dele atinge sua finalidade, encontrará sua restauração definitiva em Cristo.” (Catecismo da Igreja Católica §1042)
Não haverá mais dor, pois Ele "Enxugará toda lágrima de seus olhos, pois nunca mais haverá morte, nem luto, nem clamor, e nem dor haverá mais. Sim! As coisas antigas se foram!" (Ap 21,4).
“Os que estiverem unidos a Cristo formarão a comunidade dos remidos, a cidade santa de Deus (Ap 21,2), "a Esposa do Cordeiro" (Ap 21,9). Esta não será mais ferida pelo pecado, pelas impurezas, pelo amor-próprio, que destroem ou ferem a comunidade terrestre dos homens. A visão beatífica, na qual Deus se revelará de maneira inesgotável aos eleitos, será a fonte inexaurível de felicidade, de paz e de comunhão mútua.”(Idem,§1045)
Terminamos aqui esta meditação sobre os novíssimos da fé, visto que a glória do mundo é vã e tudo passa inclusive a nossa vida terrena. Façamos nossa caminhada aqui uma escada da busca da perfeição rumo a Glória Celeste.