Igreja Una Santa Católica e Apostólica


Novíssimos do homem - Morte e Juízo.

Novíssimos do homem - Morte e Juízo.

"Em todas as tuas obras, lembra-te dos teus novíssimos, e jamais pecarás". (Eclo 7,40).

A cada dia o homem é tomado pela expectativa do avanço da tecnologia. Os cientistas descobrem um novo remédio, uma cura nova, então doenças que antes dizimavam povoados, hoje são tratadas facilmente.

O homem desde os primórdios buscam a solução de seus problemas, uns com soluções imediatas, outros que precisam de pesquisas avançadas. Nos tempos atuais já existem pessoas que almejam o desejo da eternidade. Mas de uma “eternidade temporal”, uma eternidade física. Já tem pessoas que congelam o próprio corpo para que no futuro possam ressuscitarem e ter uma vida normal.

Mas o fato é: Todos nós passaremos pelos novíssimos!

O que são os novíssimos?

Novíssimo é a trajetória do homem no decorrer do seu último suspiro. É o que acontece quando terminamos a nossa jornada nesta terra. Desde os primórdios da Igreja de Deus, é costume meditar nestes termos, que hoje são tratados como banal, infelizmente por nós católicos, inclusive por não poucos sacerdotes, a quem deveriam instruir e educar na fé a muitos. É constituído de:

  • Morte;

  • Juízo;

  • Inferno;

  • Paraíso.

A MORTE

"O que está preparado para morrer não receia a morte, qualquer que seja, ainda que venha de improviso". (Sto Agostinho)

“Imaginai que estais vendo uma pessoa que acaba de exalar o último suspiro; considerai esse cadáver deitado ainda no leito, com a cabeça pendida sobre o peito, os cabelos em desalinho banhados ainda nos suores da morte, os olhos encovados, as faces descarnadas, o rosto acizentado, a língua e os lábios cor de ferro... o corpo frio e pesado. Empalidece e treme quem quer que o vê. Quantas pessoas, à vista de um parente ou de um amigo morto, não mudaram de vida e não deixaram o mundo! (Santo Afonso Maria Ligório)

No sentido corporal a morte é o termino da vida, mas para o sentido da fé é a consequência do pecado (Rm 6, 23), haja vista que perdemos o “direito” da vida eterna por conta do pecado original, quando nossos pais, Adão e Eva sucumbiram à tentação da serpente.

A morte hoje é tratada com tristeza e muitas vezes não são aceitas facilmente por parte de quem fica.  Mas para aqueles que “nasceram da água e do Espírito”(Jo 3,5) ela é um auxílio para encontrarmos em definitivo com o nosso Criador.

Era comum os primeiros cristãos, meditarem sobre a morte, visto que o martírio era algo “normal” entre as comunidades cristãs, o que nos deus vários mártires. Comum também no meio monástico a meditação sempre da morte, para observar como a vida é breve e o apego a este mundo é vão. Há quem diga que existiam monges que cavavam a própria cova como exercício espiritual, ou até mesmo quando encontrava com outro, em vez de dizer o “bom dia” ou “boa tarde” já lançava a “meditação mortal”: LEMBRE-SE DA MORTE!

Tudo isso pode parecer bizarro, mas se nos aprofundarmos no assunto veremos que a morte, como já diziam os antigos, é a única certeza nesta vida. Como seria a sua vida se você soubesse o dia de sua passagem (sem volta) ao encontro Celestial? Como seria a sua conduta diante de Deus e dos homens se soubesse que a vida é como diz o Salmista “Quanto ao homem, os seus dias são como a erva, como a flor do campo assim floresce. Passando por ela o vento, logo se vai, e o seu lugar não será mais conhecido.” (Sl 103,15-16)? Como seria nossas vidas, vícios, virtudes, choradeiras,preocupações, se soubéssemos que “esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado" para quem será?

Claro que não devemos ficar com a consciência pesada por este tema, visto que aqueles que seguem a Deus não tem que temer. Sabemos que somos fracos e limitados, por isso devemos sempre pedir a Nosso Senhor para morrermos na  sua graça e cos sacramentos principalmente o da Unção dos Enfermos e também o Viático, como já falamos aqui outra vez, Link

Que alegria também para o que amou a Jesus Cristo, e muitas vezes O visitou no Santíssimo Sacramento e O recebeu na Santa Comunhão, ver entrar no quarto seu Senhor que vem em Viático, para o acompanhar na passagem para a outra vida! Feliz então o que lhe puder dizer como São Felipe Nery: ‘Eis aqui o amor do meu coração, eis aqui o meu amor; dai-me o meu amor!’. 

“Para os que creem em Vós, Senhor, a vida não acaba, apenas se transforma: e, desfeita a morada deste exílio terrestre, adquirimos no céu uma habitação eterna” (Prefácio dos Defuntos I: Missale Romanum, editio typica (Typis Polyglottis Vaticanis 1970), p. 439 [Missal Romano, Gráfica de Coimbra 1992, 509]).

Meditemos sempre nesta nossa Irmã Morte, como já dizia São Francisco de Assis:

“Louvado sejas, meu Senhor,
Por nossa irmã a Morte corporal,
Da qual homem algum pode escapar.
Ai dos que morrerem em pecado mortal!
Felizes os que ela achar
Conformes à tua santíssima vontade,
Porque a morte segunda não lhes fará mal!
Louvai e bendizei ao meu Senhor,
E dai-lhe graças,
E servi-o com grande humildade.”

 (São Francisco de Assis, Cântico das Criaturas).

O Juízo

A morte é o fim de nosso prazo para aceitarmos a graça de Deus em nossas vidas. Após a nossa morte temos o chamado Juízo, onde encontraremos “face a face” (1 Cor 13, 12) com Deus para sermos julgados mediante a nossas obras, de acordo com o nosso conhecimento do Evangelho.

No Novo Testamento são várias as passagens em que afirma a Segunda Vinda de Cristo, mas também é mostrada como na Parábola do Rico e Lázaro onde o pobre já recebe a “recompensa” imediatamente após a morte:

19. "Havia um homem rico que se vestia de púrpura e linho fino, e dava banquete todos os dias. 20. E um pobre, chamado Lázaro, cheio de feridas, que estava caído à porta do rico. 21. Ele queria matar a fome com as sobras que caíam da mesa do rico. E ainda vinham os cachorros lamber- lhe as feridas. 22. Aconteceu que o pobre morreu, e os anjos o levaram para junto de Abraão. Morreu também o rico, e foi enterrado. 23. No inferno, em meio aos tormentos, o rico levantou os olhos, e viu de longe Abraão, com Lázaro a seu lado. 24. Então o rico gritou: 'Pai Abraão, tem piedade de mim! Manda Lázaro molhar a ponta do dedo para me refrescar a lingua, porque este fogo me atormenta'. 25. Mas Abraão respondeu: 'Lembre-se, filho: você recebeu seus bens durante a vida, enquanto Lázaro recebeu males. Agora, porém, ele encontra consolo aqui, e você é atormentado. 26. Além disso, há um grande abismo entre nós: por mais que alguém desejasse, nunca poderia passar daqui para junto de vocês, nem os daí poderiam atravessar até nós'. (Lc 16, 19-26)

 

Após a morte temos dois Juízos: Juízo Particular e o Juízo Universal.

Vamos ao primeiro, que é logo após quando o ocorre à morte, o Juízo Particular, muitos teólogos e santos afirmam que este se dá exatamente no local da morte!

Juízo Particular

No momento de sua morte já é dada a sua sentença, seja Céu ou Inferno. Este Juízo é pautado pelas obras que praticou, segundo o conhecimento da Palavra de Deus:

“E vi os mortos, grandes e pequenos, que estavam diante de Deus, e abriram-se os livros; e abriu-se outro livro, que é o da vida. E os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras.” (Ap 20,12)

“Cada homem recebe em sua alma imortal a retribuição eterna a partir do momento da morte, num Juízo Particular que coloca sua vida em relação à vida de Cristo, seja por meio de uma purificação, seja para entrar de imediato na felicidade do céu, seja para condenar-se de imediato para sempre.” (Catecismo da Igreja Católica §1022).

Têm-se visto criminosos banhados em copioso suor frio na presença de um juiz terrestre. Pison, comparecendo no senado com as insígnias da sua culpa, sentiu tamanha confusão, que a si próprio deu a morte. Que pena não é para um filho ou um vassalo ver seu pai ou o seu príncipe indignados! Que maior mágoa não deve sofrer uma alma à vista de Jesus Cristo, a quem desprezou durante toda a vida! Esse Cordeiro, que a alma via tão manso enquanto estava no mundo, vê-Lo-á agora irritado, sem esperança de jamais O apaziguar. Então pedirá às montanhas que a esmaguem e a furtem das iras do Cordeiro indignado. (Santo Afonso Maria Ligório)

Juízo Universal

“O Juízo Final acontecerá por ocasião da volta gloriosa de Cristo. Só o Pai conhece a hora e o dia desse Juízo, só Ele decide de seu advento. Por meio de seu Filho, Jesus Cristo, Ele pronunciará então sua palavra definitiva sobre toda a história. Conheceremos então o sentido último de toda a obra da criação e de toda a economia da salvação, e compreenderemos os caminhos admiráveis pelos quais sua providência terá conduzido tudo para seu fim último. O Juízo Final revelará que a justiça de Deus triunfa de todas as injustiças cometidas por suas criaturas e que seu amor é mais forte que a morte.” (Catecismo da Igreja Católica §1040).

Neste momento acontecerá a ressurreição dos mortos, que professamos em nosso Credo, dos “justos e injustos”. (Atos 24,15).

 

Pax Vobiscum

Por Leonardo de Souza



Crie um site gratuito Webnode