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Série - Os Sacramentos - Matrimônio (Parte 1)
“Por isso, um homem deixa seu pai e sua mãe, e se une à sua mulher, e eles dois se tornam uma só carne.” (Gen 2,24)
O primeiro livro da Biblia já nos dá uma visão religiosa, do matrimônio e sua beleza unitiva e procriativa. “E Deus os abençoou e lhes disse: Sejam fecundos, multipliquem-se, encham e submetam a terra; dominem os peixes do mar, as aves do céu e todos os seres vivos que rastejam sobre a terra”. (Gen 1,28)
Para nós cristãos este mandato do Senhor, tem seu fundamento bíblico e assim o Magistério e a Tradição o vê como um bem para a humanidade, pois é este Sacramento que esta relacionado à vida humana, todos os outros Sacramentos, só tem sua função na “vida” de homens e mulheres e a própria rendenção de Cristo só tem sentido, pois é a remissão e absolvição dos homens, seres criados por Deus e coparticipantes nesta criação e chamados a uma vida de unidade. “Portanto, eles já não são dois, mas uma só carne.” (Mt 19,6)
As Sagradas Escrituras elevam esta dignidade da união de homens e mulheres e nos ensina que o amor de Deus à humanidade é também um amor esponsal, uma nupcias do Criador com as criaturas, de Cristo com sua Igreja e no primeiro livro bíblico vemos este apelo de Deus e no último o Apocalipse as núpcias de Cristo, o cordeiro, com a Igreja: "Escreva: Felizes os convidados para o banquete do casamento do cordeiro. "E disse ainda: "Estas são as verdadeiras palavras de Deus." (Ap 19,9)
A aliança nupcial entre Deus e o seu povo Israel tinha preparado a Aliança nova e eterna, pela qual o Filho de Deus, encarnando e dando a sua vida, uniu a Si, de certo modo, toda a humanidade por Ele salva. (GS 22)
O pacto matrimonial, pelo qual o homem e a mulher constituem entre si a comunhão íntima de toda a vida, ordenado por sua índole natural ao bem dos cônjuges e à procriação e educação da prole, entre os batizados foi elevado por Cristo Senhor à dignidade de sacramento. (CDC 1055)
O Matrimônio não é um simples contrato entre duas pessoas, pois esta união esta intimamente ligada ao desejo do Criador e não é um ato meramente humano. Esta vocação esta ligada a natureza do homem e da mulher.
A salvação da pessoa e da sociedade humana está estreitamente ligada ao bem estar da comunidade conjugal e familiar. (GS 47,1)
A vida matrimonial não é um bem somente para a Igreja, mas para toda a humanidade, o mundo todo se beneficia e esta dignidade rege toda a sociedade, o bem para a sociedade é o bem para a vida conjugal e familiar, pois a sociedade é formada por membros de família, ninguém esta presente na sociedade sem ter nascido da união procriativa.
A desordem causada pelo pecado
No relato do primeiro pecado do livro do Genesis já verificamos que a desordem entra na humanidade e começa a troca de acusações entre Adão e Eva: “O homem respondeu: "A mulher que me deste por companheira deu-me o fruto, e eu comi". (Gen 3, 12)
Segundo a fé, esta desordem, que dolorosamente comprovamos, não procede da natureza do homem e da mulher, nem da natureza das suas relações, mas do pecado. Ruptura com Deus, o primeiro pecado teve como primeira consequência à ruptura da comunhão original do homem e da mulher. (CIC 1607)
Esta ruptura com a graça onerou diversas consequência a vida conjugal, desde a desconfiança mutua, como as dores do parto e o trabalho com suor, o multiplicar se tornou se também uma tarefa difícil para a humanidade, pois a desordem agora esta presente. Mas Deus vai mais uma vez ao encontro do homem da sua fraqueza. “Javé Deus fez túnicas de pele para o homem e sua mulher, e os vestiu.”(Gen 3, 21)
No entanto, a ordem da criação subsiste, apesar de gravemente perturbada. Para curar as feridas do pecado, o homem e a mulher precisam da ajuda da graça que Deus, na sua misericórdia infinita, nunca lhes recusou . Sem esta ajuda, o homem e a mulher não podem chegar a realizar a união das suas vidas para a qual Deus os criou «no princípio». (CIC 1608)
Após a queda o casamento torna se um remédio para vencer o egoísmo, a busca do próprio prazer a centralização, e a abrir se ao outro, a ajuda mútua, ao dom de si mesmo.
O Anúncio
Jesus inicia sua manifestação na vida pública em uma festa de casamento “as bodas de Caná” (Jo 2,1-11). A Igreja atribui uma grande importância à presença de Jesus nas bodas de Caná. Ela vê nesse facto a confirmação da bondade do matrimónio e o anúncio de que, doravante, o matrimónio seria um sinal eficaz da presença de Cristo. (CIC 1613)
E Jesus sempre ensinou sobre o casamento de uma forma irrefutável diante da dureza dos corações e da forma que o Criador desejou desde o inicio.
“Alguns fariseus se aproximaram de Jesus, e perguntaram, para o tentar: É permitido ao homem divorciar- se de sua mulher por qualquer motivo? Jesus respondeu: Vocês nunca leram que o Criador, desde o início, os fez homem e mulher? E que ele disse: Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe, e se unirá à sua mulher, e os dois serão uma só carne? Portanto, eles já não são dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus uniu, o homem não deve separar. Os fariseus perguntaram: Então, como é que Moisés mandou dar certidão de divórcio ao despedir a mulher? Jesus respondeu: Moisés permitiu o divórcio, porque vocês são duros de coração. Mas não foi assim desde o início. Eu, por isso, digo a vocês: quem se divorciar de sua mulher, a não ser em caso de fornicação, e casar-se com outra, comete adultério." (Mt 19, 3-9)
No entanto, Jesus não impôs aos esposos um fardo impossível de levar e pesado demais , mais pesado que a Lei de Moisés. Tendo vindo restabelecer a ordem original da criação, perturbada pelo pecado, Ele próprio dá a força e a graça de viver o matrimónio na dimensão nova do Reino de Deus. É seguindo a Cristo, na renúncia a si próprios e tornando a sua cruz, que os esposos poderão «compreender» o sentido original do matrimónio e vivê-lo com a ajuda de Cristo. Esta graça do Matrimónio cristão é fruto da cruz de Cristo, fonte de toda a vida cristã. (CIC 1615)
Todos nós vivemos este amor esponsal de Cristo para com sua Igreja, na própria vida de Igreja.
Toda a vida cristã tem a marca do amor esponsal entre Cristo e a Igreja. Já o Batismo, entrada no povo de Deus, é um mistério nupcial: é, por assim dizer, o banho de núpcias que precede o banquete das bodas, a Eucaristia. O Matrimónio cristão, por sua vez, torna-se sinal eficaz, sacramento da aliança de Cristo com a Igreja. (CIC 1617)